Entrevista a Gabriel Sousa, CEO da Galp Gás Natural Distribuição
Portugal tem um conjunto de ativos no setor do gás natural com características muito favoráveis para a injeção e utilização de gases renováveis, contribuindo assim para o desenvolvimento de um forte e competitivo cluster do hidrogénio”, salienta Gabriel Sousa, CEO da Galp Gás Natural Distribuição (GGND).
No caso da GGND, refere que todos os esforços estão a ser feitos para injetar o hidrogénio verde na rede de distribuição de gás. Nesse âmbito, está a ser preparado um projeto-piloto, que deve arrancar ainda em 2020, naquele que é um “ponto de partida para a implementação de cadeias de valor power-to-gas em Portugal” e um contributo para “o cumprimento de metas nacionais”.
Qual o papel do hidrogénio verde na atividade da GGND?
A GGND, enquanto líder na distribuição de gás natural em Portugal, está profundamente empenhada na descarbonização da atividade de distribuição de gás, através da injeção de gases renováveis, como o hidrogénio verde.
Como será feita a incorporação do hidrogénio?
A possibilidade de receção de hidrogénio na rede de distribuição de gás hoje existente evita a obsolescência deste ativo moderno tão importante e ainda não amortizado. Além disso, facilita a injeção imediata e descentralizada de energia renovável no sistema energético nacional e contribui para reduzir os custos da descarbonização, viabilizando a utilização de gases renováveis em detrimento de um processo mais dispendioso, baseado unicamente na eletrificação.
A oportunidade de aproveitamento destes ativos recentes e disponíveis é, portanto, uma das vantagens que fazem com que Portugal apresente um posicionamento tão favorável para os objetivos ambiciosos de descarbonização.
O projeto-piloto de injeção de hidrogénio verde
A GGND está a preparar um projeto para a distribuição de uma mistura de hidrogénio e gás natural numa rede de distribuição operada pela Setgás, cujo ponto de distribuição está localizado no Parque Industrial do Seixal, em Setúbal.
A injeção de hidrogénio verde (H2) na rede de gás natural (GN) está a ser alvo de um projeto-piloto, preparado pela GGND, para a distribuição de uma mistura de hidrogénio e gás natural numa rede de distribuição operada pela Setgás (operador de rede de distribuição gerido pela própria GGND). O ponto de produção de H2 localiza-se na sede da empresa Gestene, no Parque Industrial do Seixal, Setúbal. Esta empresa, parceira neste piloto, possui atualmente na sua sede um eletrolisador e um parque fotovoltaico, com vista a produzir, a título experimental, 10 m³/h de hidrogénio verde. Perante a proximidade entre a unidade de produção e a rede da Setgás, e dada a configuração local da rede de distribuição, o desenvolvimento deste projeto irá abranger cerca de 80 instalações de utilização, com características essencialmente residenciais. Para ligação entre o ponto de produção e o de injeção, será construído um novo troço de rede (1.400 m.), ao longo do qual circulará 100% H2. Numa primeira fase do piloto, o rácio da mistura H2/GN aumentará até 5%, atingindo, numa segunda fase, a percentagem máxima de 20%, com recurso a H2 produzido a partir de energia verde adquirida a um fornecedor, se tal for necessário. Serão igualmente feitos diversos controlos ao comportamento dos equipamentos envolvidos, em larga medida confiados a entidades especializadas, nomeadamente através da participação de entidade inspetora de gás, entidade certificadora de equipamentos gasodomésticos e envolvendo também a participação de fabricantes destes equipamentos.
E como será feita a implementação no terreno?
A GGND tem vindo a preparar um projeto-piloto de injeção de hidrogénio verde (H2) na rede de gás natural (GN) da Setgás (operador de rede de distribuição gerido pela GGND), com consequente distribuição de mistura H2/GN.
É intenção da GGND iniciar este projeto até ao final de 2020, tendo o mesmo a duração estimada de dois anos.
Qual a importância deste projeto?
De forma resumida, este projeto visa estudar o impacto da injeção de H2 na gestão da infraestrutura de distribuição e nos equipamentos de queima dos consumidores, permitindo a avaliação de soluções que potenciem a adequação do Sistema Nacional de Gás (SNG) à transição energética. Este é um projeto que possui condições ótimas para a sua execução e que não apresenta impactos nas tarifas de uso da rede do SNG.
Assim, poderá ser um ponto de partida para a implementação de cadeias de valor power-to-gas em Portugal e o cumprimento de metas nacionais, nomeadamente, as de incorporação de H2 nas redes de gás natural expostas no Plano Nacional do Hidrogénio (entre 1% e 5% até 2025, aumentando para 10% a 15% até 2030) e as impostas no Plano Nacional de Energia e Clima 2030, particularmente no que toca à incorporação de energia renovável no consumo final bruto.
Sendo um projeto iniciado pelo ISQ, o insight está aberto a contributos de todos que queiram participar e possam trazer a sua visão, estudos científicos e opinião fundamentada para enriquecer os temas e o debate.
Se a sua atividade está ligada à investigação ou à análise e implementação de medidas nos tópicos aqui debatidos, contacte-nos com o formulário anexo.
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